Belchior, Fagner - Aguapé (Epígrafe de Castro Alves) letra (lyrics)

[Belchior, Fagner - Aguapé Epígrafe de Castro Alves letra lyrics]

Capineiro de meu pai
Não me corte os meus cabelos
Minha mãe me penteou
Minha madrasta me enterrou
Pelo figo da figueira
Que o passarin' beliscou

Companheiro que passas pela estrada
Seguindo pelo rumo do sertão
Quando vires a casa abandonada
Deixa-a em paz dormir na solidão

Que vale o ramo do alecrim cheiroso
Que lhe atiras no seio ao passar?
Vais espantar o bando buliçoso
Das mariposas que lá vão pousar

Esta casa não tem lá fora
A casa não tem lá dentro
Três cadeiras de madeira
Uma sala, a mesa ao centro



Rio aberto, barco solto
Pau-d'arco florindo à porta
Sob o qual, ainda há pouco
Eu enterrei a filha morta

(Ad flumina babylonis
Illic sedimus et flevimus)
Sob o qual, ainda há pouco
(Cum recordaremur sion)
Eu enterrei a filha morta
(In salicibus terrae illius)
(Suspendimus citharas nostra)
Aqui os mortos são bons
(Nam íllic, qui abduxerunt nos
Rogaverunt a novis cantica)
Pois não atrapalham nada
(Et qui affligebant nos, laetitiam)
Pois não comem o pão dos vivos
(Cantate nobis) nem ocupam lugar na estrada
(Ex canticis sion)
Pois não comem o pão dos vivos
(Quomodo cantabimus canticum domini)
Nem ocupam lugar na estrada
(In terra aliena?)
Si oblitus erro tui, ierusalem
(Oblibioinni detur dextera mas)

Nada, nada a velha sentada, o ruído da renda
A menina sentada roendo a merenda
A velha sentada, o ruído da renda
A menina sentada roendo a merenda

Nada, nada nada, nada, nada, nada
Aqui não acontece nada, não nada
Nada, nada nada, absolutamente nada
E o aguapé, lá na lagoa sobre a água nada
E deixa a borda da canoa perfumada
É a chaminé à toa de uma fábrica, montada
Sob a água, que fabrica
Este ar puro da alvorada da da da

Nada, nada nada, nada, nada, nada
Aqui não acontece nada, não

Nada, nada nada, absolutamente nada

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