C57, RIZZ - 2:30 letra (lyrics)
[C57, RIZZ - 2:30 letra lyrics]
O relógio já marca as duas e meia
Num velho bar familiar
Hoje a casa está cheia
Tento apagar a memória de uma semana feia
Quer tanto contar a história que
Me engana e golpeia
Numa estreia de um percurso que
Leva à morte ou cadeia
Em mim o grito do conflito
Onde a mente passeia
O seu discurso chateia nos
Pensamentos que em teia
Vou tecendo onde repito essa onomatopeia
Bem sei que o tempo sorteia dor é requisito
Corre na veia, nenhum corpo é infinito
E nas palavras gravadas estará tudo dito
Interpretadas por quem leia o
Nome inscrito no granito
Convicto na tarola que controla o que recito
Ao som de Piazzolla que me
Isola e eu reflicto
Planeei, mas planos nunca estão
Isentos de imprevisto
E já nem sei a sucessão de
Eventos que nos trouxe a isto
É triste: não encontro a
Tristeza no spot certo
Julgado pela capa apesar de
Ser um livro aberto
Não prometi ser um menino bonito, tentei
Mas já senti, se não evito o delito, falhei
É que hoje perdi-lhe o sentido
Meio tocado e perdido
Muito tempo calmo e contido, já é um começo
Outro copo servido, não creio tê-lo pedido
O empregado diz-me:
Tome amigo, que esta vem sem preço
Porque estou tenso ou pelo
Menos assim lhe pareço
Que é uma forma de mostrar apreço
Eu agradeço
Levanto e brindo, penso se realmente mereço
De braço suspenso ouço uma voz que conheço:
Como é que estás? - enquanto
Eu olho p’ra trás
Já te esqueceste do que foste
Ou já não és capaz?
O ontem foi fugaz e estranho
Para não dizer mais mas saberás o tamanho da
Estrada por onde vais?
Procuro sinais, olho em volta
Mas não vejo ninguém
Quando percebo que a conversa é
De dentro que vem e diz-me:
Não tenhas pressa, que vai ficar tudo bem
Pouso o whisky a tremer quando
Entendo é de quem
95 vindo do fim do tempo de espera
Quando fiquei sem a voz do
Puto que eu antes era
Quer a palavra sincera e no
Tom que mantivera pede:
Eu sei que custa pelo menos considera!
Não respondo, não consigo, tudo parece girar
É o álcool a bater é o cansaço a falar
Não é! e ouve com atenção!
Perdeste algo algures, ainda estás em negação
Tou-me a passar, a contemplar uma alucinação
P´ra começar, andas a sonhar com moderação!
Estou aqui para impedir o erro
E mudar a acção mas eu só te posso pedir
E tentar mostrar-te a razão:
Desde quando te satisfazes com insatisfação?
Tu antes querias revolucionar a revolução!
Tens os dias a culpar, a intenção amadureceu
É que entre tu e eu a vida aconteceu
E não tens a experiência das largas
Marcas que ela nos deixa
Nem tens a consciência das portas
Que o tempo fecha
É que ele vai nos mostrando
A palma, traz calma, mas seja
De vez em quando qualquer a alma fraqueja
E ai de quem se queixa
Arrisca-se a um bilhete no limbo
Braço esticado, preparado p´a levar carimbo
Eu sei que a vida era boa
Hoje é o que eu persigo
E sim eu sinto-me à toa, daí falar contigo
Sei o quanto isso magoa
Consciente do que implica
Que muita gente apregoa e não o pratica
Mas de cabeça quente tudo se intensifica
Tenta fazer algo de belo do pouco que fica
És muito novo para entender o que significa
Estou só a tentar lidar com situações pesadas
Percebo a intenção
Mas eu não sei se ela se aplica
Tu queres lembrar-me de viver
Um conto de fadas
E vais ferir com ferros
Por ser com ferros que ferem?
Porque é isso que eles querem
Se tu pensares é claro:
Preferem distância enquanto as proferem
Só conferem
Que não vale a pena resolvê las num disparo
E sim quero lembrar-te dos
Dias em que sorrias
De como vias os sonhos que no olhar trazias
Nem tudo é fácil
Na altura tu já compreendias
Pouco dormias… eu sei que ainda te arrepias
Mas tu sentias e sentes que
Há um porto seguro
Se não sabias, aprendes: ele permanece puro
E no futuro será motivo de orgulho
Vá, faz o telefonema, anula a cena
Eu sei que dá
Há algo mais p’a lá do que os anos ofereceram
E quando sais calado, pensam que te venceram
A temperança trará o silêncio que fará
Parte da apetência que a prudência treinará
Sem viver no passado não
Esqueças que eu existi
Sorri porque eu vou ser para
Sempre parte de ti
Onde mantinhas a sensatez
É por lá que eu ando
E vê se atinas de uma vez
A gente vai falando