Claudio Botelho - Ao Final Desse Dia letra (lyrics)
[Claudio Botelho - Ao Final Desse Dia letra lyrics]
E não há outra vida pro pobre viver
É uma guerra, é lutar
E ninguém quer perder partida
Mais um dia sob o sol, quando acabar
Menos um nessa vida
Ao final desse dia, é um dia mais frio
E a camisa que vestes não vai te esquentar
Ninguém sabe, ninguém viu
Ninguém ouve as crianças chorando
E o inverno que já previniu vem pra matar
É a morte chegando
Ao final desse dia, outro dia te espera
E o sol fica à espreita pra se aproximar
Como as ondas a quebrar
Como a fúria dos ventos soprando
Vem a fome a galopar
E as contas que vão se somando
E a conta, quem vai pagar
Quando o dia acabar?
Ao final desse dia, não ganhas um puto
Quem só fica sentado não leva um tostão
Com teus filhos pra comer
As crianças precisam de pão
É uma sorte poder trabalhar
Ter um colhão
Chega!
E que Deus nos ajude!
Olha só como bufa o seu capataz
A mão boba não cansa, esse bafo infeliz
É que a tal da Fantine não quer se render
Os favores que pede, ela sempre diz não
E o patrão que nunca vê
Os desmandos do seu capataz
Se Fantine não se cuidar, digo a você
Não trabalha aqui mais
Ao final desse dia, é um dia comprido
E no bolso a promessa de um dia melhor
Pague as contas, o aluguel
Faça mágica e corte a despesa
Corte a carne do pastel
Faça o pouco crescer sobre a mesa
Tudo só pra recomeçar quando o dia acabar
Oh, vejam aqui, mas que linda cartinha!
Vamos, Fantine, queremos saber!
"Cara Fantine, é preciso dinheiro
Cosette doente é preciso correr"
Me devolve essa carta, essa carta é minha
Seu telhado é de vidro, não pode falar
Seu marido nem sonha com o que você faz
Quem chafurda na lama não deve julgar
Alguém separe, por favor
Estão brigando, mas por quê?
Isto é uma indústria, não um circo
Se acalmem, moças, vejam bem
No meu negócio, eu quero paz
Eu sou prefeito aqui também
Você apure o que ocorreu
Com paciência e compreensão
Quem começou a confusão?
No final desse dia, o motivo foi ela
Ela esconde uma filha em um certo lugar
Que ela tem que sustentar
E adivinha como é que ela pode
Ela faz o que que ela faz? E faz com quem?
O patrão não aprova
É a pura verdade, eu tenho uma filha
Cujo pai nos deixou em total solidão
Ela vive na casa de um certo casal
Que preciso pagar, eis aí a razão
Ao final do dia, ela vai ser problema
E problema pra ela é problema pra nós
Nós queremos é trabalhar
Ela quer uma cama macia tá na hora de mandar
Para o olho da rua a vadia
Ou a gente vai pagar quando o dia acabar
Eu bem devia suspeitar
Que essa cadela vai morder
Que toda gata sempre arranha
Assim a pobre da Fantine
Que diz ser pura até o fim
É quem causou a confusão
É que não tem mais salvação
E faz a virgem de manhã
E à noite faz a cortesã
Ela ri de você e tem homens por trás
Ela vai ser problema, problema demais
Isso tem que acabar
Ela vai pastar
Agora, meu bem, vai andar!