Deau - Filho da Puta letra (lyrics)

[Deau - Filho da Puta letra lyrics]

6 e meia da manhã
Mais uma casa acorda com a
Agitação de quem daqui a
Uma hora tem de tar em direcção ao Porto
Em cima de uma ponte e a distância do ponto
Onde habita ao ponto de emprego é longe

Desde há muito que se habilita ao que
A vida lhe reserva, sem habilitações, um mau
Encargo e um ordenado de merda mulher de
Mão calejada devido ao trabalho pesado
Bolsos leves mas nada falta
Debaixo do telhado

Vi-a a pôr capas em livros
De histórias de encantar
A pagar livros onde aprendi
A escrever e a contar quantas vezes soube
A sal quando a fui beijar
Perdi a conta às vezes que atrás de uma porta
Eu a vi chorar as vezes que fez
De conta e mentia-me de forma louca
E sorria para mim com lágrimas
A cair do céu da boca
Contou-me histórias de homens que
Nasceram sem meios e que alcançaram vitórias
Não deixaram sonhos a meio
Pelé descalço fez o que ninguém
Fez com uma bola
Jogou com amor à flor da pele
Em vez de amor à camisola

Mãe, eu não sou rico, tu
És a minha maior fortuna, rainha de bata
Preta e cola entranhada nas unhas princesa
Com com mais valor que diamantes
Afinal não é a
Comer a sopa que somos homens grandes
Hoje sou maior que tu, mas sinto que
Não cresci, continuo a olhar para cima sempre
Que preciso de ti acredita mãe
Não sabes o quanto cintilas
Quando partires as estrelas descem para
Ver o quanto brilhas deste
O teu corpo a uma máquina
Dentro de uma oficina
Dentro de uma pensão dá o corpo
Uma pega da esquina pessoas
Que ganham a vida da forma
Que se gera a vida, a minha mãe gerou três
Filhos sempre com a cabeça
Erguida explorada como
Prostituta para termos o que nos deu
Sou filho da puta e este é o
Amor pela puta que me pareu

Com genótipo de rua, fenótipo de luta
Protótipo que resulta da classe
Que a sociedade oculta
Com, marcas no corpo cuja origem não se
Refuta, do berço ao caixão, moço
Eu sou um filho da puta

Aquela classe sem classe, mas com a cabeça
Erguida a morte corre atrás de mim
Eu corro atrás da vida quanta da minha
Gente condicionada à partida, filhos
De putas diferentes, irmãos na mesma sina
Desde a primária que me aplico
Nos trabalhos de casa, desde a
Primária vi como ela chega do trabalho
A casa nunca baixei os
Braços, parti e fui à guerra
Sonho para lá das nuvens, com
Os pés para lá da terra sabes
Aquele ditado: "chora que o
Pai dá"? Não pega, quem não
Tem caça com gato
Cresci a seguir essa regra

Deus sempre me ensinou a amar
O próximo por isso é
Que há quem rouba quem passa: é suposto amar
O próximo dá-me prazer olharem a
Minha mãe de baixo
A cima e pensarem lá vai a puta
Que pareu mais um filho da esquina
Sem saberem que os próprios filhos estão
Pregados na esquina filho da
Puta na faculdade que teve notas
Mais acima sei que
Ela passou para pagar a senha da refeição
A senha do passe para que eu passe
Com aplicação também fui educado nesses
Blocos de betão onde a riqueza de
Uns gera desgraça em cada quarteirão

Não foi graças a Deus, foi graças a uma
Deusa que nunca me faltou de vestir
Nem comida na mesa encadernadora
De histórias aos
Quadrados, educou-me por muito choro em casa
Não faça para ver o sol aos
Quadrados sei como se cortam barras
(sei) como se traçam linhas
Para filhos ignorados, para filhos de mães
Galinhas uns cantaram de galo, invejaram-te
Com o que não tinhas
Outros com a pata na poça a
Tentar ser como o patinhas

Dei os meus primeiros passos
Nessas áreas onde as primeiras palavras que
Ouves são ordinárias
Onde se faz crime a horas extraordinárias
Para garantir na dispensa as coisas
Necessárias condições precárias
Famílias proletárias
Mulheres que saem à luta
Quando saem pela porta
Alimentam com o corpo, o corpo que
O corpo nove meses transporta
Estes são os filhos das
Padeiras de Aljubarrota

Com genótipo de rua, fenótipo de luta
Protótipo que resulta da classe
Que a sociedade oculta
Com, marcas no corpo cuja origem não se
Refuta, do berço ao caixão, moço
Eu sou um filho da puta

A minha mãe abriu as pernas para
Me dar o mundo não me deu tudo o que queria
E sem querer deu-me tudo
Criado com filhos de criados
De patrões que roubam, vendem e desmontam
Por peças p’atenuar frustações juntei as
Peças, preferi outras acções
Para quê roubar bens materiais se eles têm
Condições para voltar a tê-los de novo?
Não sou burro a esse ponto e amanhã preparo
Fezada no mesmo ponto de encontro pronto
Para lhes roubar algo único: filho da puta
Roubou um posto de ensino superior
Público filho da puta rouba o amor de
Quem eles queriam e atraíam com carros
E status quando saíam filho da puta
Não caio no esquema deles assim
O pai deles explora os meus mas
Eles não me exploram a mim

Para um filho da puta
Falta de condições não é problema dá o
Corpo ao manifesto para quebrar esse
Sistema de que filhos de gente explorada
Nasce para ser explorada e o
Único ponto de fuga é aquilo que tá a
Degradar o quadro no meu meio vi
Que meios não justificam o fim, não é
O que tens é como tens
É isso que conta para
Mim homens arrependeream-se, queriam voltar
Atrás no tempo
Ao mesmo tempo os que crescem estão
A seguir o exemplo que davam, parados
Nos blocos a desiludir os velhotes
A iludir os putos com
Drogas, armas e botes diz-me quem é que te
Disse não que podes ser tudo o que
Querias, só porque és filho de uma operária
Ou filho de uma mulher a dias
Porque habitas numa zona em que
É cinzento todos os dias
E canos quentes fazem com que
As noites sejam frias
(Foda-se) Um filho da puta não fode para
Não ser fodido, não cospe onde come
Cospe em cima
De quem o tem comido um filho da puta
Só se deita com putas na cama, diz-me
Quem é que te disse que uma puta não ama?

Quero gerar um filho de uma puta
À altura da minha mãe para
Poder trazer ao mundo filhos da
Puta também não me importa
Se ela tem bata ou esfregona, dá
O corpo por um salário, se preserva o cu e a
Cona… Esforço-me, aplico trabalho
Rigor e honra e mostro que não sou igual
Aos filhos da puta da zona é dificil
Partir com pouco, chegar com muito, mas
É impossível? Não! Pensa no assunto não
Uses é as necessidades como desculpa
Usa as capacidades
Aplica-te e torna-te um filho da
Puta não sou mais que
Tu, nem tu és mais que eu
Filho de mulher da esquina
Honra a esquina que te pareu!

Com genótipo de rua, fenótipo de luta
Protótipo que resulta da classe
Que a sociedade oculta
Com, marcas no corpo cuja origem não se
Refuta, do berço ao caixão, moço
Eu sou um filho da puta

É… Só gente burra é que não vai
Perceber o conceito desta música… Mãe
Amo-te como o caralho! Do berço ao caixão
Eu sou um filho da puta!
Com genótipo de rua, fenótipo de luta
Protótipo que resulta da classe
Que a sociedade oculta
Com, marcas no corpo cuja origem não se
Refuta, do berço ao caixão, moço
Eu sou um filho da puta

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