Dulce Pontes - Os índios da Meia Praia letra (lyrics)
[Dulce Pontes - Os índios da Meia Praia letra lyrics]
Ali mesmo ao pé de Lagos
Vou fazer-te uma cantiga da melhor
Que sei e faço
De Montegordo vieram alguns por
Seu próprio pé um chegou de bicicleta
Outro foi de marcha à ré
Quando os teus olhos tropeçam no
Voo de uma gaivota em vez de peixe vê peças
De oiro caindo na lota
Quem aqui vier morar não traga mesa nem cama
Com sete palmos de terra
Se constrói uma cabana
Tu trabalhas todo o ano
Na lota deixam-te nudo
Chupam-te até ao tutano
Levam-te o couro cabeludo
Quem dera que a gente tenha
De Agostinho a valentia
Para alimentar a sanha de esganar a burguesia
Adeus disse a Montegordo
Nada o prende ao mal passado
Mas nada o prende ao presente se
Só ele é o enganado
Oito mil horas contadas, laboraram a preceito
Até que veio o primeiro documento autenticado
Eram mulheres e crianças
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
Quem diz o contrário é tolo
E se a má língua não cessa
Eu daqui vivo não saia
Pois nada apaga a nobreza dos
Índios da Meia Praia
Foi sempre a tua figura
Tubarão de mil aparas
Deixas tudo à dependura quando
Na presa reparas
Das eleições acabadas, do resultado previsto
Saiu o que tendes visto
Muitas obras embargadas
Mas não por vontade própria
Porque a luta continua
Pois é dele a sua história e
O povo saiu à rua
Mandadores de alta finança
Fazem tudo andar p'ra trás
Dizem que o mundo só anda
Tendo à frente um capataz
Eram mulheres e crianças
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
Quem diz o contrário é tolo
E toca de papelada no vaivém dos ministérios
Mas hão de fugir aos berros
'inda a banda vai na estrada