Emicida, Pastor Henrique Vieira - Principia (Ao Vivo) letra (lyrics)
[Emicida, Pastor Henrique Vieira - Principia Ao Vivo letra lyrics]
Meu amigo Chapa me levou num museu
Em Angola que eles chamam
De Museu da Escravidão e naquele
Lugar tinha uma pia
E tava escrito um texto na parede que
Era mais ou menos assim "Foi nessa
Pia que os negros foram batizados e através
De uma idéia distorcida do Cristianismo
Eles foram levados a acreditar
Que eles não tinham
Alma" eu olhei pro meu parceiro e
Naquele dia еu entendi qual era a minha
Missão a minha missão cada vеz que
Eu pegar uma caneta e um microfone é
Devolver a alma de cada um dos
Meus irmãos e das minhas irmãs que sentiu
Que um dia não teve uma
Lá-ia, lá-ia, lá, ia lá-ia, lá-ia, lá, ia
Lá-ia, lá-ia, lá, ia lá-ia, lá-ia, lá, ia
O cheiro doce da arruda, penso em Buda calmo
Tenso, busco uma ajuda
Às vezes me vem o Salmo
Tira a visão que iluda, é tipo um oftalmo
E eu, que vejo além de um
Palmo, por mim, tu, Ubuntu, algo almo
Se for pra crer num terreno
Só no que nós tá vendo memo'
Resumo do plano é baixo
Pequeno e mundano, sujo, inferno e veneno
Frio, inverno e sereno, repressão e regressão
É um luxo ter calma e a vida escalda
Tento ler almas pra além de pressão
Nações em declive na mão desse Barrabás
Onde o milagre jaz
Só prova a urgência de livros perante
O estrago que um sábio faz
Imersos em dívidas ávidas
Sem noção do que são dádivas
Num tempo onde a única que ainda
Corre livre aqui são nossas lágrimas
E eu voltei pra matar tipo
Infarto, depois fazer renascer, estilo parto
Eu me refaço, farto, descarto, de pé no chão
Homem comum se a bênção vem a mim
Reparto, invado cela, sala, quarto
Rodei o globo
Hoje tô certo de que todo mundo é um
E tudo, tudo, tudo, tudo que nós tem é nós
Tudo, tudo, tudo que nós tem é
Tudo, tudo, tudo que nós tem é nós
Tudo, tudo, tudo que nós tem é
Tudo, tudo, tudo, tudo que nós tem é nós
Tudo, tudo, tudo que nós tem é
Tudo, tudo, tudo que nós tem é nós
Tudo, tudo, tudo que nós tem é
Cale o cansaço, refaça o laço
Ofereça um abraço quente
A música é só uma semente
Um sorriso ainda é a única
Língua que todos entende
Cale o cansaço, refaça o laço
Ofereça um abraço quente
A música é só uma semente
Um sorriso ainda é a única
Língua que todos entende
(Tio, gente é pra ser gentil)
Tipo um girassol, meu olho busca o sol
Mano, crer que o ódio é solução
É ser sommelier de anzol
Barco à deriva sem farol
Nem sinal de aurora boreal
Minha voz corta a noite igual um rouxinol
No foco de pôr o amor no hall
Tudo que bate é tambor, todo tambor vem de lá
Se o coração é o senhor, tudo é África
Pôs em prática, essa tática, matemática
Falou?Enquanto a terra não for livre
Eu também não sou
Enquanto ancestral de quem tá por vir, eu vou
E cantar com as menina
Enquanto germino o amor
É empírico, meio onírico, meio Kiriku
Meu espírito quer que eu tire de tu a dor
É mil volts a descarga de tanta luta
Adaga que rasga com força bruta
Deus, por que a vida é tão amarga?
Na terra que é casa da cana-de-açúcar
E essa sobrecarga frustra o gueto
Embarga e assusta ser suspeito
Recarga que pus, é que igual a Jesus, no
Caminho da luz, todo mundo é preto, ame
Pois s'embora que o tempo é rei, vive agora
Não há depois ser templo da paz
Como um cais que vigora nos maus lençóis
É um dois, um dois, longe
Do playboy, como monge sois, fonte como sóis
No front sem bois, forte como nós
Lembra a "Rua é Nóiz"
Tudo, tudo, tudo que nós tem é nós
(Tudo, tudo, tudo, tudo que nós tem é nós)
Tudo, tudo, absolutamente tudo
(Tudo, tudo, tudo que nós tem é nós)
Tudo que nós tem é isso: uns aos outros
(Tudo, tudo, tudo, tudo que nós tem é nós)
Tudo o que nós tem é uns aos outros, tudo
(Tudo, tudo, tudo, tudo que nós tem é nós)
Obrigado, Municipal
Vejo a vida passar num instante
Será tempo o bastante que tenho pra viver?
Não sei, não posso saber
Quem segura o dia de amanhã na mão?
Não há quem possa acrescentar um
Milímetro a cada estação
Então, será tudo em vão? Banal? Sem razão?
Seria sim, seria, se não fosse o amor
O amor cuida com carinho, respira o outro
Cria o elo o vínculo de todas as cores
Dizem que o amor é amarelo
É certo na incerteza
Socorro no meio da correnteza
Tão simples como um grão de areia
Confunde os poderosos a cada momento
Amor é decisão, atitude
Muito mais que sentimento
Alento, fogueira, amanhecer
O amor perdoa o imperdoável
Resgata a dignidade do ser
É espiritual, tão carnal quanto angelical
Não tá no dogma ou preso numa religião
É tão antigo quanto a eternidade
Amor é espiritualidade
Latente, potente, preto, poesia
Um ombro na noite quieta
Um colo pra começar o dia
Filho, abrace sua mãe, pai, perdoe seu filho
Paz é reparação, fruto de paz
Paz não se constrói com tiro
Mas eu miro, de frente, a minha fragilidade
Eu não tenho a bolha da proteção
Queria eu guardar tudo que amo
No castelo da minha imaginação
Mas eu vejo a vida passar num instante
Será tempo o bastante que tenho pra viver?
Eu não sei, eu não posso saber
Mas enquanto houver amor
Eu mudarei o curso da vida
Farei um altar pra comunhão
Nele, eu serei um com o mundo até ver
O Ubuntu da emancipação
Porque eu descobri o segredo
Que me faz humano
Já não está mais perdido o elo
O amor é o segredo de tudo
E eu pinto tudo em amarelo
E tudo, tudo, tudo, tudo que nós tem é nós
Tudo, tudo, tudo que nós tem é
Tudo, tudo, tudo que nós tem é nós
Tudo, tudo, tudo que nós tem é
Tudo, tudo, tudo, tudo que nós tem é nós
Tudo, tudo, tudo que nós tem é
Tudo, tudo, tudo que nós tem é nós
Tudo, tudo, tudo que nós tem é
Tudo, tudo, tudo, tudo que nós tem é nós
Tudo, tudo, tudo que nós tem é
Tudo, tudo, tudo que nós tem é nós
Tudo, tudo, tudo que nós tem é
Tudo, tudo, tudo, tudo que nós tem é nós
Tudo, tudo, tudo que nós tem é
Tudo, tudo, tudo que nós tem é nós
Tudo, tudo, tudo que nós tem é
Meu nome é Emicida e eu humildemente acho
Que nós fizemos história
Nesse dia maravilhoso
Obrigado, Municipal, obrigado, São Paulo
Que noite histórica