Emicida, Mariana Timbó - Pra Não Ter Tempo Ruim letra (lyrics)

[Emicida, Mariana Timbó - Pra Não Ter Tempo Ruim letra lyrics]

Eu sou o Deus da Guerra
No meu peito rufam tambores
Tocados em ritos
Criados sobre o grito de dores
Angústia do porão, desejo de vingança
Solidão piedade, hoje não
Talvez quando eu tinha um coração
A meta: Construir outros quinhentos
E tô disposto a morrer
Igual cada um dos trezentos
Espartanos, o que vocês são? (Ahu)
Mudo e mando: Manos, o que vocês são? (A Rua)
Nosso alimento é o medo no olhar do oponente
Tombando em frente
Sentindo o que há tempos a gente sente
Logo beijem suas mulheres
Beijem pra eternizar
Devemos considerar a possibilidade
De não voltar e não cobrar a diáspora
Vim matar meus inimigos igual Sun Tzu
E isso não é uma metáfora


Os meus reconheço pela conduta
Prepare os seus
Hoje verá que um filho teu não foge a luta

Adeus Adeus (Seja como Deus quiser)
Meu amor, não esqueça de mim (Não, não)
Vou rezar pra ter bom tempo, meu nego
Pra não ter tempo ruim

Me botaram tão pra baixo aqui
Que do ponto onde cheguei
Só era possível subir guardei toda mágoa
Pra com ela regar meu rancor
Alimentar minha raiva
Devolver em forma de dor
Magrelo da perna comprida
Com ódio pra mais de uma vida
No campão visto como besta
Na mente o diabo fazendo hora extra, hey!
Quem já viu o que vi
Não faz questão de replay
A lei dos canalha fez a vida cheia de falha
Por isso minha existência
(hoje) só tem sentido na batalha
Onde o normal é não ter pai
Esperar a mãe que não vem sentir frio, fome
Não ter o que todo mundo tem
Ter vergonha do espelho, aliás
Se espelhar em quem?
Pular uns corpos do caminho
Achando que isso é normal também
O que resta? Lutar pra se sentir vivo
Hoje MC's querem festas
Eu ainda quero motivos

Adeus Adeus (Seja como Deus quiser)
Meu amor, não esqueça de mim (Não, não)
Vou rezar pra ter bom tempo, meu nego
Pra não ter tempo ruim

Avisem que Zumbi voltou, tá ligado
A hora do "Bum"
Cês vão lembrar que o punho cerrado é
Mais que o logo da Slum
Nego Nagô, trago nos olhos Xangô e Ogum
Caem fracos, não se carrega peso morto
Essa é a regra um via massacre todo dia
Ganhei que se inocência fosse segurança
Criança não morria
Minha esperança morreu cedo
E ao invés de sentir medo da matança
O resto de mim jurou vingança
Uno os maloqueiros, pra honrar os em memória
Uns dizem que faz dinheiro
(será?) , a gente faz história
Eles são porcos num chiqueiro de inglória
Irmão, cê não acha que se explica
Demais pra quem tem razão?
Há anos manos traficam no quintal
Se coxinhas não vêem sua
Parte causa um funeral
Pretos amontoados por um racismo brutal
Não tem justiça, quero vingança, foda-se
Agora é pessoal!

Adeus Adeus (Seja como Deus quiser)
Meu amor, não esqueça de mim (Não, não)
Vou rezar pra ter bom tempo, meu nego
Pra não ter tempo ruim

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