Fabio Brazza - O Gênio do Gênio letra (lyrics)
Fabio Brazza [Fabio Rebouças de Azeredo] São Paulo, Brazil 🇧🇷
[Fabio Brazza - O Gênio do Gênio letra lyrics]
E é por isso que o
Gênio é capaz do inconcebível
Parece que o artista busca a morte
Como se fosse ela sua única redenção cabível
Parece que cada emoção afeta mais o poeta
Porque o poeta é mais sensível
Mas é essa sensibilidade que
Lhe concede intensidade
E é essa contradição que
Faz sua genialidade possível
Se o artista pensasse como um matemático
Seria mais prático
Porém o pragmático é o revés do imprevisível
E a poesia nasce da
Indisciplina, do inesperado
De um raro lapso de inspiração
Nem tudo se reduz a dados, nem
Tudo se resume em números
Nem tudo requer uma explicação!
A arte não precisa ter sentido
Precisa ser sentida
A poesia é como um drible
No meio-campo a esmo
Um lance que não vira estatística
Porque basta por si mesmo
Um momento que não se repete
Onde nem o próprio artista entende
Exatamente o que fez
Por vezes me faço essa enquete
E agora pergunto a vocês:
E se Ronaldinho Gaúcho tivesse a dedicação
E a frieza de CR7?
Seria mais jogador, é verdade
Mas menos artista talvez?
Creio que o artista precisa dessa
Rebeldia que lhe move
Dessa raiva que lhe rói
Da tristeza que lhe revela
Da dor que lhe transtorna
Do riso que lhe redime
De uma obsessão extrema
De uma emoção que lhe defina
E essa mesma intensidade
Que um dia lhe trouxe o ápice da criatividade
Será também a causa suprema de sua ruína
Como a madeira
Que precisa ser consumida para
Se tornar fogueira!
Poetas são homens bombas carregados de poemas
Que se auto destroem por algo maior
Nem que esse algo seja a arte apenas!
Amy Winehouse, Jimmi Hendrix
Michael Jackson, kurt Cobain
Elvis, Whitney, Raul Seixas e Chorão também
Por vezes pensamos: se não fosse a
Vida do artista tão trágica
Seria sua obra tão mágica?
Se Noel Rosa não fosse tão
Boêmio seria Noel tão gênio?
E se Tupac não fosse tão intenso e agressivo
Talvez ainda estivesse vivo
Porém seria o mesmo Tupac?
O artista parece buscar o
Oceano mais revolto
Ainda que esse mar lhe afogue
Escolher fazer arte pode ser um tiro no pé
Mas para parar de fazê la, só
Com um tiro no peito, como Van Gogh!
O artista nasce com um dom único
Mas seu maior feito é seu maior fardo
Pois a arte é seu banquete farto
E seu veneno amargo
Como um par de asas pesadas que
Lhe possibilita alçar vôos sublimes
Mas restringe seus passos em terras firmes
É uma coroa espessa na cabeça, que lhe
Faz rei e lhe faz réu
Seu mal, seu mel, seu hell, seu céu
Que o liberta e o amarra
É como o canto derradeiro da cigarra
É o voo breve da libélula
É o dom de sentir a dor alheia
Na arte de transformar areia em pérola
Se entregar à arte tem um preço
Mas é inútil lutar contra a sua natureza
Pois o artista sem sua arte é
Como uma fera selvagem presa
Viveria mais, talvez, mas seria menos
Com certeza! Morrer é inevitável, faz parte
E já que vamos todos morrer
Que eu morra de arte!
Por isso escrevo com meu próprio sangue
Por isso minha rima cheira éter
E a poesia é quem me faz
Respirar como se fosse meu cateter
Peço que não chorem por mim
Minha morte será plena terá valido a pena
Não me tornarei mais um número no sistema
Pois tendo derramado no papel
Toda vida que continha
Ao chegar ao fim da linha
Serei eu também poema!