Gabriel, o Pensador - Pão de Cada Dia letra (lyrics)

[Gabriel, o Pensador - Pão de Cada Dia letra lyrics]

Mais um dia de trabalho, querido diário
Eu ralo feito otário e ganho
Menos do que eu valho
Mas necessito de salário
Que é bem menos que o necessário
Hoje os rodoviários tão em
Greve por melhores honorários
E eu procuro um que me leve eu tenho horário
Não posso chegar atrasado não
Posso ser descontado
Se eu falar que foi greve
Meu chefe pode ficar desconfiado
E se o desgraçado quiser me dar
Um pé na bunda eu vou
Pro olho da rua e rapidinho
Ele arruma outro pobre coitado
Desempregado desesperado é que mais tem
(Olha o ônibus!) hein?
Já vem lotado gente pra cacete vidro quebrado
(Foi piquete)
Motorista com um porrete do lado
Ele furou a greve porque
Também teme ficar desempregado
Deixar seu filho desamparado
Quem sabe ser despejado do barraco
(E o aluguel lá no morro também já ta puxado
Eu nem sei se eu tô sendo otário ou esperto
Eu tô aqui mas também tô
Torcendo pra greve dar certo)
Eu fico calado porque eu também tô preocupado
O meu salário até o fim do mês já ta
Contado e o meu moleque tá todo gripado
Se eu tiver um imprevisto eu
Vou ter que comprar remédio
Num sei como é que eu faço eu num sô médico
Se precisar eu vou ter que
Pedir um vale na batalha
Como um esfomeado pede uma migalha
E o canalha lá pode até negar
E aí vai ser pior
Porque o meu único ganha-pão é esse meu suor

Preciso do pão de cada dia e
Num sô filho do padeiro
Então preciso do dinheiro

Eu tô no meu carro me olho no espelho
Eu acho hilário
Eles acham que eu num trabalho só
Porque eu sou um "empresário"
Meus funcionários devem achar que eu
Sou um porco mercenário
Mas eu num sô nenhum milionário
Pra ser mais claro eu tô
Num mato sem cachorro
Se eu corro o bicho pega
Se eu fico o bicho come
Pra quem vou pedir socorro?
Chapolim? Super-homem?
As despesas me consomem
Os lucros são poucos e ainda tenho que pagar
Meus homens e zelar pelo meu nome
Que sufoco! O governo num ajuda
Empréstimo de banco nem pensar!
Sem contar a faculdade dos filhos pra pagar
Eles pensam que eu sou marajá! (Num dá?)
Não vai dar "Insensível você diz"
Mas é impossível eu te aumentar
"impossível te fazer feliz"
Eu nunca quis ver meus
Empregados cansados com fome
Mas o aumento tá negado
Agora some que eu tô ocupado no telefone
Eu não sou Raul Pellegrini
Essas coisas me deprimem e tal
"Mas é que eu tenho que manter
A minha fama de mau"
Durão, afinal, eu sou o patrão
Não posso ser sentimental
Porque eu não tenho dinheiro de sobra
Talvez tenha que demitir mão
De obra com urgência eu não consigo dormir
Não consigo superar a concorrência
Não sei se eu vou infartar ou
Se eu vou à falência

Preciso do pão de cada dia e
Num sô filho do padeiro
Então preciso do dinheiro

(Melhor do que dar um peixe a
Um homem é ensiná-lo a pescar)
Então em ensina onde eu pesco grana
Porque peixe só tem se comprar
Tem que pagar pra comer
Tem que pagar pra dormir
Tem que pagar pra beber pra esquecer
E até pra morrer tem que
Ter pois vão te pedir (dinheiro)
Pro enterro (dinheiro) pro caixão (dinheiro)
Pro velório (dinheiro) pro sermão
Também é caro parir
Pagaram pr'eu entrar e eu rezo
Pra num sair daqui
E eu tenho que me cuidar porque o
Dinheiro mesmo pode interferir
No nosso destino fazer o sino tocar
Influenciar qualquer menino a nos matar
Você não sabe o que é
Capaz de fazer por dinheiro
Alguém que não tem nada a perder e
Vê a TV do mundo inteiro
Mostrar tudo o que há pra se ganhar
Pra quem está no fundo do poço
O único caminho é pro alto nem que
Seja por cima do seu cadáver, moço
Eu vejo isso o tempo inteiro
Eu sou coveiro (sério?) sem mistério
No cemitério é onde eu cavo
O meu pouco dinheiro
Eu sou importante Deus ta de prova
A todo instante ele me manda gente
E eu sempre abrindo as covas
Até hoje eu não sei se ele
Me perdoou do dia em
Que eu mexi naquele defunto cheio
De dente de ouro
Dei uma de dentista e deixei o
Rosto do corpo todo torto
Mas é que eu ganho muito pouco
Aliás eu num tenho nem onde cair morto

Preciso do pão de cada dia e
Num sô filho do padeiro
Então preciso do dinheiro

Eu sou PM não pense que é fácil
Tem que ser malandro pra viver se arriscando
Rondando pra cima e pra baixo na corda bamba
Posso tombar na próxima curva
E minha mullher em casa estraga as
Unhas com medo de ser viúva
E os meus nervos também não são de aço
Meu caráter muito menos por
Isso eu sempre faço
Meus cambalachos com o tráfico
Eu já tô mancomunado
Quando eu não tô dormindo ou tô
Trincando ou extorquindo os viciados
Eu fico rindo e o bolso
Do uniforme fica inchado
Hí! Hí! Um cafezinho aqui!
Uma cervejinha ali (tô ligado)
Rá! Eu sei que eu não presto!
Meu colega diz (cê tá exagerando)
Ah você que é muito honesto!
Detesto lição de moral
Cê devia fazer igual e abusar da autoridade
Esse é o único poder que
Essa droga de sociedade
Me dá o prazer de sentir o gostinho
Não tô nem aí se você
Prefere bancar o policial bonzinho perfeito
Mas vou continuar do meu jeito
Não sou super herói
E pimenta nos olhos dos outros não dói
E assim como o rato rói a
Roupa do rei de Roma eu vou roendo grana
O poder me corrói
Tá me corrompendo e a soma vai crescendo
(Manda) morrer é o que num posso mas
Quanto aos negócios fica frio
Enquanto houver crime no Rio eu num
Volto pra casa de bolso vazio

Preciso do pão de cada dia e
Num sô filho do padeiro
Então preciso do dinheiro

E eu sou o dinheiro
Todos me amam, todos me querem
Todos adoram sentir meu cheiro
Mas eu não sou democrático eu sou ingrato
Quem mais produz riqueza é quem
Tem menos na mesa que chato
Pra quem me controla a carne sobra no prato
Enquanto outros não me conhecem e comem rato
É fato real rato sem sal
Saiu no jornal eu sou imundo
Que tal? Eu sou o grande culpado
Nesse mundo tão desigual
E gero o preconceito social:
Quem me tem vive bem quem num tem passa mal
(será?) loto
Jogo do bicho
Cês sonham comigo o tempo inteiro
O capitalismo é que nem Silvio Santos
(Oi! Tudo por dinheiro)
É que vocês pensam pequeno
Vocês são um bicho muito ingênuo
O que parece ser o antídoto
Pode ser o próprio veneno
E o que parece essencial
Talvez seja supérfulo
E o que cês sonham encontrar
Lá longe tão perto!
A felicidade é uma muleta e
Vocês são todos mancos
Ela não cabe numa maleta não cabe no cofre
Não cabe em bancos
Qualquer que seja a profissão que você exerça
Não deixe que a sua
(fixação) por Tio Patinhas lhe suba a cabeça
Vocês humanos estão cegos
Me supervalorizam demais cada vez mais
A cada segundo que passa
Deixam seu mundo em constante ameaça
Me pondo acima de Deus e o diabo
Desse jeito eu acabo com a sua raça

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