Maze, Spock - O Negro Luto letra (lyrics)
[Maze, Spock - O Negro Luto letra lyrics]
Aperta a úlcera é um cenário agudo
Da mente ao corpo é um segundo
A doença alastra, por isso eu purgo
Valente é o nome, e assim o recordo
O código de valores com estima guardo
O fim foi galopante, deixou ferida aberta
Por isso escrevo isto e a sutura aperta
Obsoleto, prostrado sem ensejo
O esqueleto devorado pelo caranguejo
Olhos sem alma, fala sem senso
Enfermo, no quarto, eu não esqueço
"Avô esse não é o meu nome"
Delírio opiáceo, o limbo não dorme
Existe vida quando uma cria se vai?
Um filho não devia partir antes dum pai
E foram logo dois, Só ficou a Graça
Na casa da desgraça, o coração amassa
Eram só mais umas gotas de morfina
A linha é fina e se a alma fina
Porque é que o corpo não definha logo
E o Homem não decide a partida e o modo
De mergulhar na essência, acabar o turno
De voltar ao todo, regressar ao uno
O negro luto e um casamento mudo
A mente com toxina contamina tudo
Quando dois filhos partem o coração congela
E quem por cá fica apanha por tabela
E essa dor não passa, só ficou a Graça
Época de caça, constante ameaça
Acordar com gritos todos os Domingos
Sempre depressivos, já não são bem vindos
Religião hipócrita, esta em que vivemos
A culpa católica enche nos de medos
Senti frio gélido, zero empatia
Ruindade extrema, e eu assistia
Trouxe-me o ódio, matou-me a calma
Trouxe a raiva, asfixiou-me a alma
A faca na mão, o sangue a escorrer
"Avó, a galinha continua a correr"
As quedas, as fracturas, as facturas
Passadas sem destinatário são bem duras
Nem me despedi, guardei numa caixa
Então eu resolvi, fazer esta faixa
Liberto estas palavras, eu despeço-me
Saio do loop kármico, eu desculpo-te
Até sempre por aí numa constelação
Vai sê livre, no todo, na imensidão, vai
Há cicatrizes que nos acompanham
Nós por desatar que nos asfixiam
Fantasmas do passado que nos prendem
Até que as nossas almas os libertem