Valete - Revelação letra (lyrics)

[Valete - Revelação letra lyrics]

A minha mãe rezava todos os dias
Ia à missa todos os domingos
Mas nós sempre vivemos mal
Sempre passámos fome do pouco que tinha
Partilhava até com pessoas que precisavam
Menos do que ela
Morreu miserável e sem nada
Parece que foi tudo em vão
Que mal fez a minha mãe a Deus?

Toda a gente, CIVILIZAÇÃO!
Toda a gente tem de ouvir isto
Toda a gente, CIVILIZAÇÃO!

Esta é a palavra dos teus
Filhos que tu nunca amparaste
Aqueles que te amaram e tu abandonaste
Aqueles que te chamaram e que tu desprezaste
Aqueles que guerrilharam quando tu recuaste
Aqueles que acreditaram sem que
Tu te revelasses


Aqueles que mendigaram e tu não alimentaste
Aqueles que se esgotaram, tombaram
Arrastaram se definharam
Imploraram-te e tu não levantaste
Que mundo é esse que se
Alimenta da nossa amargura
E que se sustenta o seu
Progresso com a nossa penúria
Será que não ouves as
Lágrimas afilhadas da sorte
E os corações que batem resignados
À espera da morte?

Eu sou o vosso Deus, sou o vosso criador
Eu sou a vossa luz, pai, juiz, protector
Eu nunca vos abandono eu
Estou sempre por perto
E através da fé, sentirão meu afecto
Basta acreditar em mim e
Seguir os meus ensinamentos
Que terão a salvação e acabará o tormento
Fraquejarás se duvidares da minha existência
Porque a chave da libertação reside na crença

Mas onde é que estás?
Quando o sofrimento nos aprisiona
Quando até a esperança diz que
Já não vale a pena quando todo esse Mal se
Apodera dos homens alastra-se
E elimina, todo o Bem que nos abrigou
Onde é que tu estás?
Quando a fome abate mais um crente
Quando a felicidade passa a
Utopia dos dementes
Quando a escuridão invade o
Nosso espaço assume-se
Soberana sobre o Sol que nos criou

Eu vi-te nos versos que
A beleza tornou poesia
Na esperança que o sol trazia
Em cada novo dia
No cravo vermelho que resistia
Nas noites sombrias
No amor destes homens de bolsos e mãos vazias
Eu vi-te na espada que ensanguentou Lúcifer
No futuro que florescia no ventre duma mulher
Na causa dos justos que
A ambição não destruiu
E no sorriso das crianças
Que a inocência pariu
Mas perdi-te intensidade desta dor permanente
No estrondo das balas que
Levaram gente inocente
Na frieza dos tiranos que a democracia formou
Na exploração dos fracos o mundo legitimou

Eu não sou a única
Força transcendente deste universo
O Diabo também existe
É o Senhor do Mundo Perverso
É ele que divide e atrai os homens ao pecado
Tu tens que resistir o Diabo é obstinado
Eu dei-vos livre arbítrio, liberdade total
Cabe a cada um de vós decidir
Entre o Bem e o Mal é a falta de moral que
Traz desordem e desgraça
Se viverem por mim o Mal
Deixará de ser ameaça

Mas onde é que estás?
Quando o sofrimento nos aprisiona
Quando até a esperança diz que
Já não vale a pena quando todo esse Mal se
Apodera dos homens alastra-se
E elimina, todo o Bem que nos abrigou
Onde é que tu estás?
Quando a fome abate mais um crente
Quando a felicidade passa a
Utopia dos dementes
Quando a escuridão invade o
Nosso espaço assume-se
Soberana sobre o Sol que nos criou

Eu não percebo a tua existência
E o teu poder transcendente
Do que vale saberes tudo
Se continuamos inconscientes
Do que vale poderes tudo
Se nós vemos sofrimento
Do que vale veres tudo se
Nunca te fazes presente
Quando parece que te manifestas
Escondes-te num ápice
Como te escondeste naquele
Nevoeiro que encobriu auschwitz
Naus partiram com escravos e
Tu ficaste à varanda
Camuflaste a mancha de sangue
Que inundou o Ruanda

Seria tudo assim bem fácil
A culpares-me de tudo
Mas são os homens a causa
Do descalabro do mundo
Eu não posso interferir
Apenas assisto e analiso
Só no julgamento final é que
Eu corrijo e decido
Lembra-te que a vida terrena
É só uma passagem
E depois da morte ainda terás uma portagem
Os pecadores serão punidos e
Arderão no Inferno
Os bons serão felizes no Paraíso eterno

Nah não tem sentido então porque é que não
Nascemos logo no Paraíso?

Tu fazes muitas críticas
Acusações e perguntas
Agora vou abrir o jogo
Só para ver se tu aguentas
Deus só existe fantasiado na vossa mente
Eu sou Diabo, o único ser superior existente
Vocês são minha criação
Feitos à minha semelhança
Por isso é que o mundo
É um palco de Malevolência
Quando praticam o Bem é só
Um acto de desobediência
Vossos instintos naturais são o
Ódio e a ganância
Terão sempre a ditadura, a escravatura
A opressão descriminação, censura, repressão
Minha função foi criar-vos
Para auto-destruírem-se
Para fustigarem-se, invejarem-se
Consumirem-se
Para mergulharem na imperfeição
Erro e pecado
Enlamaçarem-se no Mal que eu tenho libertado
Vou assistir
Desperto e alegre ao vosso caos inquieto
Até este planeta se tornar
Na Terra-Mãe do inferno

Deus só existe fantasiado na vossa mente

Será em vão rezares por um
Sonho que não verás
E ambicionares por um Mundo que não terás
Não esperes Justiça onde nunca houve Paz
Não há salvação nas terras de Satanás

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