Marcello Gugu - Platoon (Skit) letra (lyrics)

[Marcello Gugu - Platoon Skit letra lyrics]

Mal a noite se foi
Cornetas anunciam a alvorada
Nas camas de campanha o dia
Nasce em hora errada

No nosso acampamento sobraram poucas luzes
Na espera das famílias
Voltaram muitas cruzes

Entre mentiras e mártires
Trincheiras e arames
Casas desabam como lagrimas e o
Aço voa como enxame

Medalhas e caixões
Horas são os últimos minutos
Em utopias românticas as flores
Se fecham em luto
Virtudes se perdem, voz trêmula
Coração frágil
Na guilhotina sorriso do carrasco


É mal pressagio

Somos sombras vivas de uniforme e fuzil
Crepúsculos surgem no céu
Estamos onde Lúcifer caiu

Sem boas novas, nunca
Apenas cálculos mal traçados
Na nossa frente um mar de ódio
Na forma de solitários e assustados

Perdidos iguais a nós
Anti cristos da mesma trama
Sons de lições mortas são ecos
De coros tombando na lama

Nem sendas nem atalhos, só uma tristeza fria
Essa é a marcha dos soldados que não vão
Ver o nascer de um outro dia

Passo as noites no bar do limbo
Comemoro a vida como um prêmio na guerra
O sereno protege os passos dos boêmios

Cantamos hinos e parodias banhadas a rum
Sobre esperanças despedaçadas e
Djavus de Platoon

Quero amores de cabaré
Caricias vãs pela manhã
Mas em amarras de rancor meu
Coração é o Vietnã
Nossa cruz é pesada demais
Carrego a dor da mãe dos meus
Inimigos na forma de funerais

Somos filhos da insegurança a
Mando da ambição uma muralha de orgulho e
Um deserto de solidão

Excitação e pavor, feridas vermelho carmim
Decoro detalhes dos instantes enquanto
Diabos zombam de mim

Um céu sem Deus, só artilharia anti aérea
Entre os meus melancolia contamina
Igual doença venérea

Enterramos os mortos em covas rasas
E armas na mão
Caso os anjos se neguem a lhes abrir o portão

Um pelotão de beijos e
Promessas deixados no ar
Dizimados por certezas de amanhãs sem chegar

Dizer adeus é uma arte, lembro de acenos
Despedidas na viagem nutrimos um ódio fruto
De uma fé falida

Capelas destruídas, sinos soturnos a sós
Contradições que caminham perguntam
Deus esqueceu de nós?

Padres nos dão a extrema unção
Sou jovem demais pra morrer
Palavras se esfarelam no ar
Em frases sem dizer
Estigmaras nascem de dias lentos
Herói de guerra são frustrações batizadas
No dia do nascimento

Enquanto o tempo escorre e
Assopra amores fracos
Viramos fotos 3 por 4 em
Livros amarelados e opacos

Brisas trazem recordações, meu general fala
Eu concordo
Somos lindas ilusões em olhares de
Solidão que vieram a bordo

Sem tardes a beira mar, sem afago
Sem passado nuvens cinzas invadem o céu
Querubins ficam calados

Aviões cobrem o sol
Projeteis furam a couraça
Transformando o navio e meus
Companheiros em carcaça

Cheiro de pólvora, enxofre, dor, devaneio
O mar tem gosto de amnésia
A água cheiro de eu te odeio

Queria tâmaras e damascos, decks de piscina
Mas sou um recado do
Tempo anestesiado de morfina

Numa neblina densa a respiração é dolorida
Vejo bruxas disputarem a atenção de
Corpos já sem vida

Gosto metálico na boca
Agora é difícil raciocinar desculpa mãe
Teu filho é herói e não vai mais voltar

Sinto a roupa grudar no corpo
Agora sou eu e minha fé
O tempo não faz barulho porque a
Morte caminha na ponta dos pés

Fim do ato, câmera lenta
Deitado tento pensar
Ouço vozes vindas do breu e
Sinto meu mundo se apagar

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