E.se - Prólogo letra (lyrics)
[E.se - Prólogo letra lyrics]
Eu conto as gotas que restam no meu copo
Já o vi mais cheio, vejo o mais vazio
Sem sequer ter extravasado um pouco
Tiro a medida e anoto
Vejo o igual mas ignoro
Esculpido para um plano alto
Esconso perdido pelo planalto
Contei menos subidas embora admita
Que são as descidas que tem este vale
O que aconteceu a energia que entrevia
No meio deste peito alvo
Quando o pensamento me aquecia ardia
Е me deixava a salvo e é essе pensamento
Que como um cravo me atravessa e eu encravo
Acorrentado a esta ideia
De estar e em que a cadeia
É a minha mente que em cadeia, encandeia
Queima e despopula a minha aldeia
Déspota em mim, disputa o meu tempo
Que eu vejo passar tão lento
Cronometro-o e é um lamento
E eu recuso viver por sustento
Em suspenso gravitam axónios
Atropelam-se em mim, esgotados neurónios
A trote ultrapassam-me os meus demónios
Sussurram para mim em tons babilónicos
Dias for um fio, finam insónicos
Insinuam desafios ao meu amor próprio
Inerte desafino no meio do ócio
Não tolero o frio e rezo pelo bócio
Finjo que rio e digo estar ótimo
Camalio-me ao escrutínio ótico
Visto as cores num fundo exótico
Vivo as dores no meu mundo gótico
Renasço barroco, meu cérebro está rouco
Laxo em certezas eu creio-me louco
Nado e afogo num mar de tristezas
Tento agarrar-me mas é só incerteza
Afundo em hipóteses sem qualquer destreza
Ese eu vou nesta correnteza?
Ese o meu corpo congela com esta frieza
E eu não vejo a luz do farol acesa?
Perco o remo e afundo com o demo
Desiludo o meu pai e o deixo incrédulo?
Ese não uso este potencial génio
Que agora só me parece efémero
Ese não cumpro o destino talhado
Nunca aprendi a sair derrotado
Faço estas linhas e o resultado
Ganho balanço neste mar quebrado
Prescindo de um leito na margem abrigado
Flutuo no caos deste mar ondulado
Fico à tona mesmo que agitado
Não quero a cura, muito obrigado
Aceito a doença é o meu legado baptizo-me
Ese e saio renovado
Recorro às fraquezas na tempestade
E começo a sentir o medo conquistado