Johnny Virtus - Caminho de Volta letra (lyrics)
[Johnny Virtus - Caminho de Volta letra lyrics]
Sensação de me abandonar
De embarcar no Outro, de tédio e bocejo
Acompanhado pelo sentimento doloroso de
Perceber o Outro fazendo
Tudo aquilo de que eu me inibia
Começa de uma forma complicada
Injeção de uma rotina tendo
O fim na madrugada
E já no fim de uma drogada noite
Há outra dose cheia de nada
Porque o meu salário líquido mal
Enche um copo de água
Sem dinhero não há vícios
Tenho vício de não tê-lo
E sou digno de não vê-lo
Para poder não ter sossego
Pensava que era uma questão de oportunidades
Finalmente eu ganhei uma que foi
Só para estar calado condenado ao azar
Encostado a um lugar qualquer
Fui ao mar para perder o lugar
Mas ninguém quer e quando eu volto ponho em
Causa voltar para casa
Ela dorme mas a aliança é um
Monte de despesas que nos casa
Quando era novo abria a porta para entrar luz
Hoje fecho porque quem nela bate
Conta água e luz
E vizinhos lembram-me o custo de ser igual
E o susto de ser igual
Fez-me encarar isso como normal
Saber lidar com a cadeia da tradição
Chegar à meia noite
Dormir a meias num só colchão e eu amo
Mas a noite questiona a minha existência
Depois dum trabalho duro o
Destino são más tendências
Só me satisfazia sendo dois
Não aguentava tamanha pressão apenas na
Forma de um indivíduo, tinha de
Ser dois em corpo
Senão rebentava o que em mim era desejo
No carro
Paisagens e eu afastados por janelas
Muitas horas passam e eu
Quero passar com elas faço um desvio para o
Centro citadino por ruelas
E ao passar por elas
Sintome inseguro nas promessas
Velhos tempos, amigos
Vida em dois dias antigos
Em que um desses dias eram dois dias seguidos
Pensar em voltar e poder voltar
Ao que se pensa é muito mais forte do que
Não querer que isso aconteça
Todos bebem, todos servem todos em comunhão
À noite qualquer pessoa é
Um veículo de ocasião
Essa agitação distrai-me
Cai-me o carácter sóbrio
O prazer noturno de poder
Trocar o nome próprio
Vejo-me a passar para o outro lado
A caminho do inconsciente sigo
Em passos largos e largos os momentos que
Me deixavam perturbado
E espelhavam-me o silêncio de
Um homem sufocado
Focado no caminho da frente
Para um caminho diferente
Rebocado por tentações e uma força crescente
Impõem-se a descontração em direção ao bar
Que impõem má provocação, aguardo uma função
Cumprimento conhecidos movimento os sentidos
Amolecido por um desejo de não serem contidos
Bate um alerta, como quem chama por mim
Vento não é certamente e o
Álcool não bate assim
Uma mulher da primavera fura
A minha atmosfera num ato que nos fere a
Certeza d'um amor que era
O qual impera um território
Há muito conquistado
Mas muito pouco estimado de
Eu andar sempre ocupado
A espera da minha mulher
Na face tão dramática
A paciência do seu corpo tão cinematográfica
Os lençóis com mil formas de inquietude
Mil manobras para que tudo
Nos deixe ficarmos juntos cenas em flash
Cenas d'uma praxe quando é nova a reação
Quando o macho aprova uma motivação feminina
E curte examinando o seu todo
É ambição ou cansaço de não ser ambicioso
Quantas voltas dás, quantas voltas não voltam
Quantas voltas tem um caminho de volta?
Quantas voltas deste, quantas voltas fizeste
Quantas voltas dá um caminho de volta?
Quantas voltas dás, quantas voltas não voltam
Quantas voltas tem um caminho de volta?
Quantas voltas deste, quantas voltas fizeste
Quantas voltas dá um caminho de volta?
Nunca fui tão espontâneo sentir
Que tudo é benéfico
Preocupação: arranjei tempo para
Um analgésico ao entrelaçar as mãos
Qualquer local é propício
A evolução da líbido faz-me mais primitivo
Em casa dela as coisas são maiores
Até os espaços onde ela pousa
Os livros são maiores
Essa mulher de luz que fechou os estores
E apagou a minha dor na
Minha pele libertando os poros
Em prole do que ela sabe
No colo d'uma vontade eu mole assim me colo
À sua clara superioridade
Decido a olhar para a frente e
Por as mãos na culpa
E noutro lado olhar para o chão
E por as mãos na nuca
Nenhum dos dois pensa, são reféns da sensação
Com fé de ganhar algo mais
E ver nisso a compensação
Era a réplica da antiga paixão
Que apodreceu como um cigarro
Fumado por um pulmão agora estou mais tenso
Há imenso que não me sentia frenético
Entre os dois a temperatura
Como um campo magnético
Caminho poético, eu nunca tinha vindo neste
Cada caminho regressa
Mas qual o regresso deste?
Quantas voltas dás, quantas voltas não voltam
Quantas voltas tem um caminho de volta?
Quantas voltas deste, quantas voltas fizeste
Quantas voltas dá um caminho de volta?
Quantas voltas dás, quantas voltas não voltam
Quantas voltas tem um caminho de volta?
Quantas voltas deste, quantas voltas fizeste
Quantas voltas dá um caminho de volta?
Algo que nos acorda como espécie de dúvida
A verdade podia ter sido um sonho
Agora cabem milhões de perguntas
Numa pequena casa que se
Tornou gigante em mim
Primeiro eu antes dos outros
Mas fui outro antes de mim
Fui um outro que era eu -
Numa volta que nunca volta
Eu quero voltar para casa
Quantas voltas tem um caminho de volta?