Eduardo Taddeo, Jota Ariais - Sociedade dos Homens Invisíveis letra (lyrics)

[Eduardo Taddeo, Jota Ariais - Sociedade dos Homens Invisíveis letra lyrics]

Pode me crucificar, mas eu não acho justo
Um faminto e o tru com trinta carros de luxo
Pra uma classe salpicar ouro
Em pão no croissant
A outra tem que ser privada do café da manhã
O industrial só tem sua área vip na balada
Porque o mapa da fome
É habitado por fantasmas
Porque no poltergeist local andamos no talco
Que nos reduz a fichas criminais, atestados
Casos nervo óptico atrás da manta de aramida
Não vê Pixotes, Christiane F prostituída
Não vê os vultos com inclinações vocacionais
Violentados por merendas com
Coliformes fecais
Preocupados em pôr botões do
Pânico no pingente
No vibrador ou na obturação do dente
Ergueram a obra-prima da ignorância
Com vigilância contratadas 70 mil mão brancas
Onde promotor não vai no


Banheiro sem guarda-costas
Pra não acabar afogado na própria bosta
Somos espectros que falam em
Código no Motorola que inventam álibis
Destroem testemunhas e provas
Que são taxados pela tabela
De preços do inferno
200 mil pro delegado rasgar o inquérito
As estatísticas dos corpos irreconhecíveis
São as coordenadas pra sociedade
Dos homens invisíveis

50 mil mortes, 15 milhões de armas
É a latitude e longitude
Da sociedade fantasma
Onde os homens invisíveis só são enxergados
Gritando: deita, filho da puta
Não reage que é assalto
50 mil mortes, 15 milhões de armas
É a latitude e longitude
Da sociedade fantasma
Onde os homens invisíveis só são enxergados
Gritando: deita, filho da puta
Não reage que é assalto

Sem poder médiúnico apresento os fantasmas
Que sobrevivem com 70 reais per capita
Que são forçados a se vestir de palhaço
Segurando seta de novo
Empreendimento imobiliário
Que deveriam estar na mesa do
Google no Vale do Silício
Não pedalando pra entregar Contigo
Quem disse que burguês não faz
Festa regada a cerveja?
Com inscrições em farinha na bandeja
Tem uma rede comemorativa por cada Nissan
Vendidos por nossas bandeiras
Tremuladas na manhã
No forno crematório invisível só ganha vida
Assinando por extenso em ficha como latrocida
Bum, playboy, tomou no cu
Fantasma nada camarada se materializa de Uru
É só a empregada lavar a calçada
Que O Terror em Amityville
Entra em cartaz por uma hora em Alphaville
Repórter sequestrado
Em troca mensagem televisiva
É o recado de que pobre
Não é robô que respira
Nem inspiração de cenário cinematográfico
Usado pra Lei Rouanet em prêmio em Gramado
Personagem que o cuzão deprecia no stand-up
Fez a cidade de onde ele roda de McLaren
357 é o CEP dado por antropófagos insensíveis
Pra sociedade dos homens invisíveis

50 mil mortes, 15 milhões de armas
É a latitude e longitude
Da sociedade fantasma
Onde os homens invisíveis só são enxergados
Gritando: deita, filho da puta
Não reage que é assalto
50 mil mortes, 15 milhões de armas
É a latitude e longitude
Da sociedade fantasma
Onde os homens invisíveis só são enxergados
Gritando: deita, filho da puta
Não reage que é assalto

As armas nunca vão ser abaixadas
Num país que dá bolo de
Fruta pra assassino de farda
Metralham o carro do mano
Que não tinha passagem
Aplausos do grã-fino, caixinha e homenagem
Aqui nem verifica a pupila e o pulso
Deu entrada no PS já é defunto
A ordem do Ministério da Saúde é clara
Sem medicação pro invisível ferido a bala
País negrofóbico, pobrefóbico
Põe placas nas favelas como
Pra animais em zoológico
Em vez de desfavelizar, colocam aviso
Área de risco pra proteger rico
Pedir pra Deus os milhares de AVC pra foder
Que assinam as vísceras expostas das
Classes D e E
Muito boy faz jus a punição da Somália
Ser enterrado até o pescoço e
Ter a cabeça apedrejada
Quem oferece febre tifoide e hepatite
Merece comer os próprios miolos
Misturados no Nesfit
Prometa pra si que pela porra de um celular
Não vai deixar sua família
De um médico escutar:
"Tamo tentando refazer o nariz, o céu da boca
Reza, mãe, quando é fuzil, a chance é pouca"
Nossas fotos tem que estampar
Empresas e ministérios
Não grafites póstumos e muros de cemitérios
Chega de só através de nome em processo
Quem não recebe "bom dia"
Deixa a condição de espectro

50 mil mortes, 15 milhões de armas
É a latitude e longitude
Da sociedade fantasma
Onde os homens invisíveis só são enxergados
Gritando: deita, filho da puta
Não reage que é assalto
50 mil mortes, 15 milhões de armas
É a latitude e longitude
Da sociedade fantasma
Onde os homens invisíveis só são enxergados
Gritando: deita, filho da puta
Não reage que é assalto

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